A majestade ambiental altera seus prazos
A agenda ambiental da União Europeia desconhece fronteiras e a sua pusilanimidade desconhece limites. O adiamento pelo bloco, por ligeiros doze meses, da vigência do marco normativo contra o desmatamento é o atestado inexorável da hipocrisia que governa o evangelho ambientalista na Europa.
A União Europeia se dá ao luxo de decidir e revogar suas imposições ambientais, enquanto o Brasil perde a chance de impor sua primazia na questão ambiental
Por Pedro Merheb
A agenda ambiental da União Europeia desconhece fronteiras e a sua pusilanimidade desconhece limites. O adiamento pelo bloco, por ligeiros doze meses, da vigência do marco normativo contra o desmatamento é o atestado inexorável da hipocrisia que governa o evangelho ambientalista na Europa.
Enquanto isso, Bruxelas, Amsterdam, Berlim e outras sedes do imperialismo ecológico seguem, em obscena cumplicidade com instituições domésticas, penhorando o futuro da Amazônia à revelia da sua população.
O ribeirinho, o caboclo, o indígena, o habitante das periferias urbanas da Amazônia, tão estranhos aos jantares em que convolam os capatazes da rapinagem em curso no Brasil, vivem privados da dignidade, da opulência incontrastável da sua floresta-mãe, esta sequestrada, mais uma vez, por forasteiros.
O Brasil, senhor das suas riquezas e de uma rede normativa de proteção ambiental sem paralelo, tem muito a ensinar aos sacerdotes ecológicos que sequer conhecem as próprias rezas. É hora de refletirmos sobre a pertinência de uma agenda vacilante em um país que lidera, em todos os quesitos, a defesa do meio ambiente.
Pedro Merheb é advogado.