BR-319 "verde" aperta cerco contra Marina Silva
O Ministério dos Transportes emitiu um parecer favorável à pavimentação completa da rodovia BR-319 (Manaus-Porto Velho)
Ministério dos Transportes pressiona Ministério do Meio Ambiente
via Portal Bonifácio / MSIa Informa Português No. 40 – 14 de junho de 2024
O Ministério dos Transportes emitiu um parecer favorável à pavimentação completa da rodovia BR-319 (Manaus-Porto Velho), uma das duas ligações terrestres da capital do Amazonas com outros estados. Para ajustar-se às draconianas exigências dos inquisidores ambientais da ministra Marina Silva, o estudo propõe para a obra a adoção de medidas “verdes” bastante custosas, como um pavimento elevado e cercado e centenas de passagens subterrâneas e elevadas para a fauna. Ainda assim, a medida atraiu a fúria da legião de fundamentalistas que julgam conhecer melhor os problemas da região do que os seus habitantes, que há décadas lutam pela obra, capaz de evitar que a rodovia vire um charco de 400 km entre dezembro e maio. Com certeza, Marina e seus escudeiros farão tudo ao seu alcance para protelá-la, como fazem há anos.
Evitar a pavimentação da BR-319 e a exploração petrolífera na Margem Equatorial Brasileira são duas das prioridades assumidas na gestão de Marina no Ministério do Meio Ambiente. Sem surpresa, como ocorreu na sua primeira passagem pelo Ministério, entre 2003 e 2008, o seu fundamentalismo antidesenvolvimentista está catalisando uma crescente oposição a ela dentro do governo, como mostram as contundentes declarações da nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, e do ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira, para quem o Brasil perdeu dez anos com a ostensiva objeção dos fundamentalistas “verdes” à exploração da Margem Equatorial. A ação do Ministério dos Transportes é mais uma demonstração de que a paciência está se esgotando.
O problema é que Marina foi praticamente imposta ao presidente Lula como uma espécie de “selo verde”, pelos seus apoiadores dos EUA, da União Europeia e do mercado das “finanças verdes”, e é virtualmente indemissível. Por isso, como ocorreu em 2008, a estratégia do presidente parece ser ampliar o cerco contra ela, para levá-la a pedir o boné (verde, claro). É difícil que funcione, apesar dos enormes prejuízos causados ao Brasil pela sua presença no governo. Marina sabe que quem a sustenta não é nenhuma força nacional, muito menos uma representação parlamentar, mas que seu poder deriva dos poderosos interesses que dominam as “finanças verdes”, e que Lula tem as mãos atadas até a conferência climática COP-30, que imaginava ser a sua consagração. Ainda assim, o equilibrismo presidencial está ficando difícil, não só pela oposição crescente do Congresso, mas também pelo ocaso dos partidos verdes nas recentes eleições europeias.