Deputados dos Estados Unidos acusam BlackRock de formar "Cartel do Clima"
A Comissão de Judiciário do Congresso dos Estados Unidos publicou um relatório preliminar intitulado Controle do Clima: o Conluio pela Descarbonização nos Investimentos ESG.
Congresso publicou relatório de investigação antitruste contra agentes financeiros e ONGs
A Comissão de Judiciário do Congresso dos Estados Unidos publicou um relatório preliminar intitulado Controle do Clima: o Conluio pela Descarbonização nos Investimentos ESG (Environmental, Social and Governance, Ambiental, Social e Governança). A investigação se concentra na formação de um cartel econômico: a ideia de conluio deve ser entendida nesse contexto. O conluio econômico, de acordo com a lei antitruste dos Estados Unidos, é a articulação de mais de uma empresa para controlar preços no mercado, em detrimento dos consumidores.
A comissão, dominada pela maioria Republicana do Congresso, acusa a existência de uma convivência de ativistas ideológicos com interesses econômicos. Pela lógica do relatório, uma articulação para impor um programa de descarbonização de empresas norte-americanas seria uma de reduzir a produtividade e aumentar o preço sobre os consumidores, além de contradizer o “estilo de vida americano”.
A pressão contra empresas que não se comprometem com o programa de zero emissões seria evidência da atuação em cartel desse grupo. De acordo com o relatório, o “Cartel do Clima” inclui os três maiores bancos de gestão de ativos do mundo: BlackRock, State Street Global Advisors e Vanguard Group. Como diz o relatório, juntas essas três empresas controlam 21,9% das ações e 24,9% dos votos das quinhentas maiores empresas do mundo (reunidas na lista S&P 500).
Além disso, o relatório aponta organizações diversas como a iniciativa de investidores Climate Action 100+, fundos de pensão de estados governados pelo Partido Democrata, ONGs “radicais” como a Ceres, fundos de investimento ativistas como Arjuna Capital e Aviva Investors (que buscam uma participação em negócios o suficiente para influenciar as decisões), serviços financeiros e as duas empresas que mantém um duopólio no setor de consultorias especiais para acionistas, a Institutional Shareholder Services Inc. (ISS) e a Glass Lewis, que juntas controlam 90% de seu mercado.
O Climate Action 100+ é uma iniciativa política que busca reformar a governança de empresas para atingir o objetivo de zero emissões de carbono. O relatório também cita a Glasgow Financial Alliance for Net Zero, que funciona de forma similar. A atuação dessas instituições inclui articulações para pressionar e demitir diretores.
A Arjuna compra partes de empresas para fazer propostas de cunho ambientalista. Em 2021, usou sua posição de acionista na segunda maior petrolífera dos EUA, a Chevron, para propor que a empresa se convertesse em uma “empresa de bem público”. Segundo o documento, existe uma coordenação dessas atividades financeiras e a ação de acionistas com manifestações políticas, campanhas de repúdio e ações de ativismo.
No caso de empresas como a BlackRock, o peso individual da sua ação é tão grande que a empresa é capaz de pressionar as empresas apenas com reuniões privadas.
Para os autores do relatório, as medidas pregadas por essas entidades de financistas seriam agressivas e injustificáveis do ponto de vista econômico. As organizações justificam sua atuação como parte de um esforço racional para prevenir problemas climáticos, portanto racional no médio-longo prazo.
O relatório também especifica que as empresas ISS e Glass Lewis são de “propriedade de estrangeiros”. Atualmente, a maior parte da ISS pertence à uma firma alemã e a Glass Lewis é de propriedade de acionistas britânicos.
A ação coordenada de acionistas comprometidos e ativistas ambientais deve se tornar uma polêmica política mais sensível nos Estados Unidos, em especial nas eleições presidenciais que se aproximam.
Redação