Indústria do Pará discute óleo de palma
Mercado internacional de óleo vegetal enfrenta desafios e regulações ambientais
A Federação de Indústrias do Pará (FIEPA) realizou uma reunião sobre a indústria do óleo de palma. A reunião incluiu o Centro de Indústria do Pará (CIP), Sindicato das Indústrias de Óleos e Azeites Alimentícios do Pará (Sinolpa), e os conselhos de infraestrutura e meio ambiente da FIEPA.
Um dos temas centrais da pauta foi a necessidade de se desenvolver o processo produtivo do óleo de palma, para além da exportação de mercadorias primárias. De acordo com a FIEPA, 85% da produção nacional do óleo de Palma (dendê) está em municípios do Pará.
Durante o encontro, o diretor-presidente da Denpasa Dendê do Pará S/A, Roberto Yokoyama, pontuou que outros países da América Latina possuem políticas de estado, uma estratégia coerente para o setor, o que falta no Brasil, conforme relatado no portal da FIEPA.
A produção de óleo de palma sofre desafios relacionados com as demandas por sustentabilidade. A FIEPA sublinha, entretanto, que o óleo de palma pode cumprir um papel especial na redução de emissões de CO², por servir para a produção de uma querosene de avião biológico.
Em fevereiro de 2024, se noticiou que a empresa de cosméticos Natura está interessado no setor, assinando um termo de cooperação técnica com a Secretaria de Agricultura Familiar do Pará e planejando investimentos em sistemas agro-florestais (SAF). Em conversa com o UOL, Alberto Keiti Oppata, presidente da Cooperativa Agrícola de Tomé-Açu (Camta), disse que mesmo propostas com viés ecológico como as SAF enfrentam dificuldades relacionadas com o problema da comprovação da titularidade de terras na Amazônia.
A União Europeia criou novas normas de importação que exigem que os fornecedores de óleo de palma certifiquem que não contribuem com o desmatamento ou a destruição do habitat dos orangotangos. De acordo com uma consultoria citada pela Bloomberg, as novas regulações racharam a cadeia logística global do óleo de palma.
A Chain Reaction Network analisa que as novas regulações europeias, que criam normas de de rastreamento da origem dos produtos, aumentam os custos de uma forma que pode excluir produtores menores.
O óleo de palma é um dos óleos vegetais mais utilizados no mundo. Bem aproveitado na indústria alimentícia por ajudar na conservação e ter estabilidade em altas temperaturas, também tem aplicações importantes na indústria cosmética e serve de base para o biodiesel. O mercado mundial é dominado pela Indonésia e pela Malásia, que fornecem 85% da produção global.
Em 2022, a Indonésia reduziu as exportações de óleo de palma para fornecer óleo de cozinha para o mercado interno. A redução foi reflexo dos efeitos da guerra da Ucrânia no mercado internacional de óleo de girassol. Hoje existem grandes expectativas de que o óleo de palma contribua para que a Indonésia se torne um país de alta renda (de acordo com os critérios do Banco Mundial).
A Malásia vem sofrendo pressões de ambientalistas por conta da sua produção de óleo de palma, uma das principais atividades econômicas do país. O governo declara seu compromisso com a produção sustentável de óleo de palma. A ONG WWF )World Wide Fund for Nature) critica o governo malaio com uma campanha de preservação dos orangotangos.